A perda de visão em cães da raça Spitz, especialmente quando ocorre de forma repentina e em animais jovens, é uma condição devastadora que preocupa tanto tutores quanto criadores. Uma das principais causas desse problema é a atrofia progressiva de retina que é uma doença genética.

Essa condição é desencadeada por uma mutação no gene NECAP1. O que torna a situação ainda mais complicada é o fato de ser uma doença recessiva. Isso significa que para um cão manifestar a doença, ele precisa herdar dois alelos mutantes (um de cada progenitor). Cães portadores, que possuem apenas um alelo mutado, são completamente assintomáticos, ou seja, não apresentam qualquer sinal da doença. No entanto, quando dois cães portadores são cruzados, há uma chance significativa de os filhotes desenvolverem a atrofia de retina e ficarem cegos ainda jovens. Infelizmente de 5 a 7% dos cães são portadores da doença e por tanto o teste genético para identificar é primordial de ser realizado antes do cruzamento.

Muitos criadores podem, de forma involuntária, contribuir para a disseminação da doença, já que os cães portadores parecem perfeitamente saudáveis. A falta de sintomas nos reprodutores pode dar a falsa impressão de que não há problemas genéticos, mas os filhotes, ao crescerem nas novas famílias, podem desenvolver a cegueira.

Considerando que no Brasil, todos os anos, mais de 30.000 cães Spitz são registrados nas entidades como a ALKC e CBKC, estima-se que em uma década, cerca de 21 mil cães possam ser afetados pela mutação. E isso sem contar aqueles que não são registrados oficialmente.

Por isso, se você é tutor e está em busca de um filhote de Spitz, exija o teste genético. Essa é uma doença sem cura, e a única forma de preveni-la é através da escolha consciente de filhotes cujos pais tenham sido testados.

Se você é criador, seja responsável. Realize o teste genético nos reprodutores antes de qualquer cruzamento e garanta que os filhotes estejam livres dessa mutação.

Veterinários também têm um papel fundamental. Recomendem os testes genéticos para seus pacientes da raça Spitz. Isso permitirá uma orientação mais adequada e preventiva para os tutores, protegendo tanto a saúde dos cães quanto a tranquilidade das famílias.

Lucas Rodrigues
Médico Veterinário