Displasia Coxofemoral é uma Doença Genética?

Displasia Coxofemoral é uma Doença Genética?

A displasia coxofemoral é um termo que pode soar complicado, mas na prática, trata-se de um desafio ortopédico que afeta a qualidade de vida de muitos cães.
Imagine a articulação do quadril como um encaixe: a cabeça do fêmur, o “osso da coxa”, precisa se acomodar perfeitamente no acetábulo, a “cavidade” do quadril.
Na displasia, esse encaixe é imperfeito uma má-formação que compromete a estabilidade da articulação.

Essa instabilidade não é apenas um incômodo; ela causa dor crônica, limita a mobilidade e, nos casos mais graves, pode levar à incapacidade motora.
Mas afinal, essa é uma doença genética?

A Verdade Sobre a Genética: Nem Sempre o DNA É o Único Responsável

A resposta é complexa: a displasia coxofemoral é influenciada pela genética, mas não é determinada apenas por ela.
Ou seja, o cão pode herdar uma predisposição, mas o surgimento da doença depende também de fatores ambientais que atuam durante o crescimento.

Entre os principais fatores externos estão:

  • Nutrição inadequada: excesso ou deficiência de nutrientes durante a fase de crescimento.

  • Peso corporal elevado: a obesidade, especialmente em filhotes, sobrecarrega articulações ainda imaturas.

  • Tipo de piso: superfícies escorregadias exigem esforço e aumentam a instabilidade.

  • Nível de atividade: exercícios intensos ou inadequados para a idade podem prejudicar o desenvolvimento articular.

Em outras palavras, a genética define a predisposição, mas o ambiente influencia se e como essa predisposição se manifesta.

O Papel do Criador no Controle da Doença

Se a genética tem um papel importante, o criador tem uma responsabilidade essencial: o controle reprodutivo.
Esse controle começa com a realização de radiografias específicas de quadril em cães destinados à reprodução, avaliadas por profissionais habilitados.
Apenas animais com articulações saudáveis devem ser utilizados nos acasalamentos.

Criadores que negligenciam essa etapa, ou que reproduzem cães com displasia diagnosticada, aumentam consideravelmente o risco da doença nas futuras gerações.

Por Que a Radiografia Ainda é a Principal Ferramenta?

A displasia coxofemoral tem herança poligênica e expressão complexa, o que significa que muitos genes estão envolvidos e a interação entre eles é difícil de prever.
Por isso, ainda não existe um teste genético capaz de identificar com precisão o risco individual de desenvolver a doença.

Enquanto a pesquisa genética avança, o exame radiográfico continua sendo a ferramenta mais confiável para controle nos programas de seleção e melhoramento.

Isto é especialmente importante nas raças mais afetadas, que em geral são de porte médio a grande, como Golden Retriever, Labrador Retriever, Bernese Mountain Dog, São Bernardo, Boxer, Pastor Alemão, Rottweiler, Fila Brasileiro, Dogue Alemão, Mastim Napolitano, Cane Corso, Terra Nova, Chesapeake Bay Retriever, e Boiadeiro Australiano.
Raças de porte médio como o Cocker Spaniel e o Bulldog Inglês também podem apresentar a doença, embora em menor frequência.

A Responsabilidade do Tutor na Prevenção

Mesmo com todos os cuidados na criação, é possível que um filhote desenvolva displasia e é aí que o papel do tutor se torna essencial.
As escolhas feitas no dia a dia influenciam diretamente o desenvolvimento das articulações.

Algumas medidas importantes incluem:

  • Manter o peso ideal: evitar o ganho excessivo de peso, especialmente durante o crescimento.

  • Ambiente seguro: preferir pisos antiderrapantes e limitar o acesso a escadas e móveis altos.

  • Atividade física adequada: optar por exercícios leves e regulares, respeitando a idade e o porte do cão.

  • Alimentação equilibrada: escolher rações de boa qualidade

Como Reconhecer um Criador Responsável

Antes de adquirir um filhote, é importante avaliar a seriedade do criador. Um bom profissional:

  • Apresenta os laudos radiográficos dos pais, comprovando a ausência de displasia.

  • Explica o processo de seleção genética, mostrando o compromisso com a saúde da linhagem.

  • Prioriza o bem-estar animal, e não apenas a aparência ou desempenho.

Ao buscar informações e valorizar a transparência, o tutor contribui para uma criação mais responsável e incentiva práticas que priorizam a saúde e a longevidade dos cães.


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