Terapia Alvo para o Tratamento do Câncer em Pets

Terapia Alvo para o Tratamento do Câncer em Pets

Câncer OncoScan Terapia alvo -

Nos últimos anos, diversas pesquisas foram conduzidas para compreender os mecanismos responsáveis pela transformação de uma célula saudável em uma célula tumoral. A célula tumoral sofre modificações genéticas que a levam a se dividir de forma descontrolada, tornando-se "imortal" ao bloquear os mecanismos naturais de morte celular. Além disso, ela adquire a capacidade de se desprender do local original, migrar pelos vasos sanguíneos ou linfáticos e se instalar em outras regiões do organismo, um processo conhecido como metástase.

Todas essas alterações no comportamento da célula tumoral são consequência de modificações genéticas. Por isso, a investigação das mudanças no DNA e RNA das células tumorais tem sido um foco central de inúmeros estudos científicos.

Por muitos anos, as únicas opções de tratamento para tumores em humanos e animais de companhia eram a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. Mais recentemente, a imunoterapia surgiu como uma abordagem inovadora, mas falaremos mais sobre ela em outro momento.

Se a origem do câncer está nas alterações genéticas, por que não utilizar medicamentos que atuam diretamente para bloquear esses efeitos?

A terapia-alvo surgiu justamente para suprir essa necessidade. Esse tipo de tratamento emprega medicamentos específicos ou proteínas, como anticorpos, para interferir diretamente em alvos moleculares responsáveis pela proliferação celular, resistência à morte programada e outros processos fundamentais para o desenvolvimento do tumor.

O primeiro medicamento desenvolvido com essa finalidade foi o imatinib, uma pequena molécula que inibe a ação da proteína BCR-ABL1, cuja mutação está presente em aproximadamente 80% dos casos de leucemia mieloide crônica em humanos. Essa mutação leva à proliferação descontrolada das células cancerígenas.

Felizmente, o imatinib também pode ser utilizado em cães e gatos, pois, além de inibir a BCR-ABL1, ele atua em outros alvos moleculares, como FLT3, KDR, PDGFR, CSF1 e c-KIT. O gene c-KIT, por exemplo, está alterado em cerca de 30% dos casos de mastocitoma canino e em 50% dos tumores estromais gastrointestinais.

Além do imatinib, outro medicamento amplamente utilizado na medicina veterinária é o toceranib. Inicialmente desenvolvido para o tratamento de mastocitomas, esse inibidor multi alvo tem demonstrado eficácia contra vários tipos tumorais em que proteínas como PDGFR, KDR, FLT3, RET e c-KIT estão alteradas.

Na medicina humana, mais de 300 moléculas de terapia-alvo já estão aprovadas para o tratamento do câncer. Algumas delas, como sorafenib, lapatinib e trametinib, têm sido estudadas e, em alguns casos, utilizadas no tratamento de tumores em cães. Embora ainda sejam necessários muitos estudos, essas terapias representam uma grande esperança para cães com câncer e suas famílias.

Dr. Lucas Rodrigues, DVM. Phd
Médico Veterinário especialista em Oncologia e Genética


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